25 de janeiro de 2009

455 ANOS, MAS COM CARA DE 450

Me lembro da primeira vez que tomei consciência do mar de prédios de São Paulo. Eu devia ter uns dez anos. Em algum momento dos anos 80...
Era domingo e estávamos dentro de um dos Opalas beges que meu pai teve. Passávamos por cima do Minhocão rumo a... bem, podia ser à casa da minha tia Dora, na Vila Mariana; à casa do tio Gilberto, na região da Santa Cecília ou à casa da tia Astried, que ainda morava na Vila Clementino, mas todos nos referíamos ao bairro como Vila Mariana mesmo.
Visitar parentes do lado da minha mãe também significava andar por São Paulo. A família do meu pai se instalou inteira no mesmo bairro: Vila Formosa. E qualquer visita a eles se resumia a uma caminhada de, no máximo, dez minutos.
O dia estava azul, mas me lembro daquela onipresente e tão paulistana faixa marrom no horizonte.
Quando estávamos na região do Cambuci, olhei para meu lado esquerdo e foi como se uma cortina se abrisse e um mar de prédios, até então nunca registrado em minha mente, se mostrasse de uma vez.
Arregalei meus olhos e não consegui conter o espanto. Me lembro de dizer: “Nossa! Quanto prédio! Meu Deus! Mãe, pai, vejam isso!”. E continuava olhando para tudo aquilo, incrédula, como se até o dia anterior ali existisse apenas uma fazenda. Lembro da cara de minha mãe, que me olhou com certo desdém. Parece que li em seus olhos “Nossa, que novidade...”
Naquele dia Sampa virou um gigante em minha mente e em minhas memórias. Em mim.
Sempre que passo (ou passava) naquele mesmo lugar, lembrava daquele dia.

Anos antes, mas também na década de brincos grandes de plástico colorido e Madonna em início de carreira, em uma sexta-feira, fui com meu pai e minha mãe, de metrô é claro, até a praça da Sé. De noite! O Daniel não veio. Talvez por ser pequeno demais para essas aventuras ou por ainda nem ter nascido. Até onde me lembro, a praça – mais ou menos como é hoje – havia sido inaugurada. Ou seria reinaugurada? Cabeça de criança é sempre confusa. Fiquei encantanda com as fontes, que sob o ponto de vista de uma criança, eram “enormes”. Ganhei uma moeda de cruzeiro, cruzado, cruzeiro real, real, para jogar na fonte e fazer um pedido. Não me lembro o que pedi (provavelmente uma boneca ou um par de patins), mas aquilo ficou estampado em minha memória, em um lugar especial. Na hora de ir embora ganhei um Sufflair e quando descia a escada rolante, segurando minha boneca na outra mão, quase caí. Isso me deixou com medo – ok, um leve receio – de escadas rolantes por um tempo. Talvez só até o próximo passeio de metrô.

Passear de metrô sempre foi uma constante na minha infância. Eram os passeios do domingo. Minha mãe ficava em casa, fazendo almoço e cuidando do Dani e eu e meu pai pegávamos um “elétrico da CMTC” com o famoso banco dos bobos e lâmpadas internas coloridas (que me lembravam as balas Paquera). Olhando de fora, parecia um grande Pão Pullman, com a traseira arrendondada. E não se esqueçam do vidro jateado, escrito CMTC, que separava o motorista do resto ônibus. Às vezes íamos até a Praça da República comer doce, às vezes ficávamos na Sé mesmo, às vezes íamos até o Mercado de Santo Amaro. Mais tarde meu irmão juntou-se a nós, mas tinha medo de metrô. A alegria era conhecer as estações recém-inauguradas. Tudo era novidade. Estação Vila Carrão, Penha, etc. Quando inauguraram o extremo norte da linha azul, com as estações Jardim São Paulo, Tucuruvi e outras eu já era “grandinha” e meu pai não nos levou. Mas confesso que um dia, depois do trabalho, fui até lá “só para conferir”. E isso nunca mais parou. “Roberta, aonde vc vai?” “Poxa, quero ver como é a estação Imigrantes.”
E na minha cabeça ainda ouço: “Estação terminal Tatuapé. Favor desembarcar”. Ou algo do gênero... Sim, aquela era a última estação.

Sempre andamos muito por São Paulo. A pé, de condução e de carro. Taxi, nem pensar.
Quantas vezes, na volta da visita a algum parente que morava fora da Vila Formosa, eu não pedia, morrendo de sono: “Pai, passa na Catedral”.
“Passar na Catedral” era voltar pela 23 de Maio e, em vez de pegar a saída dos Brinquedos Bandeirantes (quem ainda se lembra daquele outdoor gigante com o desenho de um triciclo, nas costas de um prédio, na saída da 23 de Maio para a Zona Leste?), seguir reto e pegar a saída para o Centro Velho. Ele fazia questão de acelerar naquela subidinha – quando ainda não havia radares fotográficos – para que a gente sentisse o frio na barriga. “Oeeeeei!” Saíamos bem atrás da Catedral. Quando meu pai estava mais animado, virava à esquerda, pegava a Boa Vista, a Líbero Badaró, o Largo São Francisco, a Praça da Sé (eu nunca conseguia ver o Marco-Zero de dentro do carro) e saía na Praça João Mendes. Então, sob protestos, pegava a Tabatingüera e lá estava o Minhocão de novo, rumo à Vila Formosa. Em dias de mais cansaço ele dizia: “Hoje só vou passar atrás, tá bom?” e eu só via a cúpula verde da catedral por poucos segundos. Perdi as contas de quantas vezes ele me perguntou: “De novo? Mas vc não cansa da Catedral, não?”

Na adolescência, a liberdade de poder pegar metrô sozinha me deu asas para andar por Sampa e dar ainda mais atenção a essa minha paixão. Ninguém mais me segurou depois que comprei minha primeira máquina fotográfica. “Agora tenho São Paulo na palma das mãos! Me aguarde”.

Muito vão rotular esse texto de “saudosista e melancólico”. Estão errados. Sampa não é apenas uma memória do passado. É uma memória viva em mim. Sampa sou eu. Eu sou Sampa.

Hoje moro a um continente de distância, mas São Paulo continua muito próxima.
Já estive em muitas cidades do mundo e quando me perguntam qual é melhor, digo: “São Paulo”.
Ser paulistano é correr para ver a implosão do prédio da CESP (que pegou fogo em 1988); é passar rápido pela Praça da Sé “porque pode ser assaltado”; é tomar um chá preto no Girondino e ficar olhando para a São Bento; é se espremer no metrô às cinco da tarde; é achar que a bandeira da cidade é aquela com listras pretas e brancas; é passar a vida tentando achar um caminho alternativo e chegar em casa cinco minutos mais cedo; é participar da comemoração dos 450 anos e depois dizer para todo mundo: “Eu já passei a pé no meio da 23 de Maio!”; é andar a Avenida Paulista inteira e tomar um chá no Rei do Mate; é passar calor, frio, se molhar na chuva e carregar casaco, tudo em um único dia; é achar que não tem sotaque; é subir no Banespa e observar, à distância, essa que cresce a cada dia, mas que ainda tem feirinhas na Praça da República aos domingos.
É escolher mudar para outro país e ter o olhos cheios de lágrimas quando lê qualquer coisa sobre a cidade. A saudade é tanta que machuca.
Para aqueles que estão aí, cuidem bem e aproveitem a minha cidade.

São Paulo, feliz aniversário!

Inté!

22 de janeiro de 2009

AUDITORIA

E o prêmio vai para Júlio, que foi o único que não colou para responder a charada. hahahahahahahaahahahahaha

Inté!

21 de janeiro de 2009

E A RESPOSTA ESTA........

Certa!
Aaaaaeeeeeeeeeee!!!!!!!!!!
Fui para Barcelona mesmo. Depois escrevo um post com mais detalhes. E ai vao algumas fotos, por enquanto. Depois coloco mais...


Teatro para musicais

Las Ramblas. Rua muito agradavel.

Sagrada Familia, que, como todos os pontos turisticos que visito, estava em reforma.

Estatua de Miro
Parte alta de Barcelona
Mais uma obra de Gaudi
Sagrada Familia
La Pedrera, de Gaudi
No proximo post conto algumas historias sobre a viagem.
Um grande beijo. Inte!

17 de janeiro de 2009

???????????

Ue...... Cade todo mundo?

16 de janeiro de 2009

TSC, TSC, TSC.....

Vou dar mais uma chance a vcs.....
Mudem de continente.
E dou mais uma dica: está perto do mar.

Inté!


P.S.: Alex, que história é essa de dinossauros? hahahahahahahah

13 de janeiro de 2009

ERROU!!!!!!!

Não fui para Atlanta.
Bom, passei uma noite lá (graças a um vôo cancelado), mas esse não foi o destino final.
Adorei o comentário do Alex!

Volte duas casas e fique uma rodada sem jogar.

Inté!

10 de janeiro de 2009

TEM ALGUÉM AÍ?

- Show do Duran Duran
- Daniel e Eloá vêm passar uns dias em casa
- O vôo lota e eles acabam passando o Natal por aqui
- Embarcam no dia 25, de manhã
- No dia 26 meus pais chegam
- Tudo isso enquanto estou trabalhando como uma doida
- O telefone no serviço não pára
- Vou para cima e para baixo com todo mundo
- A gripe volta
- Passo o Ano Novo com os meus pais
- Embarque difícil para eles também no dia 3
- No dia 4 durmo até a hora de ir trabalhar
- Trabalho no dia 5
- No dia 6 estou de folga e já faço a minha primeira viagem do ano (com direito a perder todos os documentis no aeroporto por 10 minutos (entre outros "probleminhas")
- Alguém arrisca um palpite sobre o lugar?
- Uma dica: já sediou as Olimpíadas. Não, não é Montreal. hehehehehe
Resposta no próximo post....

Um beijo a todos. Feliz 2009! Inté!