21 de setembro de 2008

IT WAS A BEAUTIFUL DAY

Não, Bono Vox não estava lá, mas eu sim. (Foi dessa loja de aparelhos auditivos que Bono Vox tirou seu nome)

Uma mochila, um guia, passaportes, uma garrafa d'água e 24 horas em Dublim!
Parece coisa de doido, mas já está no meu sangue. Não consigo mais mudar.

Dublim é uma cidade fantástica e que mexeu comigo.
Não é uma cidade grande e seus atrativos estão praticamente todos no centro. Para quem vai passar pouco tempo vale a pena pegar aqueles ônibus que fazem roteiros pela cidade ("Hop-on/Hop-off").
Eles passam com uma certa freqüência e vc pode subir e descer quantas vezes quiser durante 24 horas. Eu fiz o roteiro inteiro uma vez, sem descer, para ter uma idéia da cidade. Depois fiz de novo e fui descendo nos lugares que mais me interessavam. Conheci muitos lugares.

(Estátua de Molly Malone, personagem de uma canção típica irlandesa)
(Garden of Rememberance, dedicado aos que morreram na guerra pela independência da Irlanda)

O povo irlandes é muito receptivo e a cidade está cheia de imigrantes brasileiros. Inacreditável. O país (ou pelo menos a cidade) é oficialmente bilíngüe. Pois é... Isso não um privilégio de Montreal. Todas as placas estão em inglês e gaélico, uma língua que soa como uma mistura de alemão e inglês. Lendo, não se entende absolutamente nada.

Prédios no estilo georgianos por todos os lados e portas coloridas são pontos turísticos também. (Os prédios no estilo georgiano tem varanda apenas no primeiro andar e as janelas do último são menores para dar impressão de que o prédio é mais alto - reparem nas cores das trepadeiras)

Lá também há ônibus de dois andares e a mão das ruas é invertida.

Eu achava que isso só seria um problema se eu tivesse que dirigir. Mas quando atravessava a rua, sempre olhava para o lado errado e quase fui atropelada por um carro de polícia. Até descobrir que no chão, no cruzamento, eles escrevem “olhe para a direita/esquerda” e isso ajuda muito. Muito turista já deve ter se machucado. Hahahaha
Além disso achava que todos os taxis já estavam com passageiros. Na verdade, era sempre o motorista, que estava “no lado errado”. Foi muito estranho não ver um volante no lugar de costume. hehe

Em algumas ruas vc praticamente não consegue andar. Tanta gente! Dublin está dividida em duas. Ao norte do rio, onde estive hospedada, há uma grande avenida com muitas lojas. Livrarias, sorveterias, lojas de souvenires, alguns museus e igrejas. (Ponte Ha'Penny)
Ao sul a parte mais interessante. Ruas antigas, calçadões sem carros, Trinity College – a universidade mais tradicional da Irlanda, Guinness Store (quem gosta de cerveja, conhece), Igreja de São Patrício (o patrono da Irlanda), Castelo de Dublim. (Castelo de Dublim)

A região de Temple Bar (uma rua que segue paralela ao rio Liffey) é uma viagem no tempo. Ruas de paralelepípedos, pequenas vielas e pubs, muitos pubs. Enquanto passava na frente de um deles, uma música me atraiu. Dentro do pub alguns músicos tocavam músicas tradicionais irlandesas com um violão, um violino e uma sanfona. Entrei e, já que estava lá, pedi uma Guinness (a cerveja mais conhecida da Irlanda). Quem me conhece deve ter arregalado os olhos e pensado: “Mas ela não gosta de cerveja!”. Não, não gosto, mas quando estou em um outro país gosto de experimentar de tudo. Bom, talvez na Ásia eu não siga esse padrão, mas na Europa....

Ok, vinho é melhor, mas tomei a cerveja numa boa enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas ao ver que praticamente todo mundo no bar cantava junto com o trio. Emocionante. Não sei explicar... Dublim mexeu comigo de um jeito que talvez só teorias mais profundas e existencialistas consigam explicar. Tinha vontade de chorar o tempo todo. A alegria era maior que mim mesma. Eu tinha vontade de pular e dançar na rua. Um americano me pagou outra cerveja e voltei ao albergue cambaleando. Depois de um bom banho tive que voltar a Temple Bar, claro. Comi alguma coisa (já que estava o dia todo com dois pães doces e cerveja no estômago). Sobremesa? Sorvete de Bailey’s. Sabe quando vc come o primeiro brigadeiro da festa e por segundos esquece tudo a seu lado? Mais ou menos a mesma sensação. Por que eles não exportam isso?????????????

Entrei em uma livraria e a balconista ficou me olhando. Devia estar na cara que o nível de álcool estava meio alto. Hahaha
Mais uma loja de souvenires e o atendente, muito simpático, se ofereceu para tirar umas fotos minhas com os chapéus mais variados. Chuvisco. Típico. Me lembrei de São Paulo.
Andei mais um pouco e comecei a sentir saudades de Dublim sem nem mesmo ter ido embora. Essa sou eu.


Infelizmente não achei nada do U2. Bom, na verdade achei uma loja, mas já era mais de meia-noite então não faço idéia do que tinha dentro. Uma pena. Achei que fosse encontrar mais coisas. Voltei ao albergue, dormi um pouco e às 6h30 da manhã já estava no ponto de ônibus para ir embora, com a mochila pesando dez quilos (confirmados, mais tarde, pela balança da minha casa). Coração doendo. Vcs podem achar até um pouco de exagero, mas estou escrevendo como realmente me senti. Já estive em muitos lugares e poucos fizeram com que me sentisse dessa forma.
O avião decolou e as lágrimas corriam. Parece que um pedacinho de mim ficou para trás.

Mais fotos no fotolog (www.fotolog.com/robertapedra)
Inté!

16 de setembro de 2008

RAPIDA ATUALIZACAO

A pedidos….

Depois de ter o sangue recusado para doacao e de levar um baita tombo, um pouco de sossego.

Viagem relampago ao Brasil.
Muitos me chamaram de doida, mas quis fazer uma surpresa para o aniversario do meu irmao. Sai daqui na terca, cheguei na quarta de manha, embarquei de volta na quinta e cheguei na sexta, na hora do almoco. Corrido? Sim. Mas completamente valido.
Infelizmente nao consegui rever todo mundo, mas sempre consigo matar saudades de alguns. Muito bom ver a familia, os gatos e os amigos do aeroporto. Tambem foi muito bom falar com amigos por telefone. A Embratel agradece.
E a hora de ir embora e sempre muito dificil. Doi, rasga por dentro, mas deixa a esperanca de rever a todos em uma outra oportunidade.

Peco desculpas por nao ter respondido ainda aos e-mails, scraps, etc... Em breve.

E fiquem de olho, pois amanha viajo de novo.
Nao vou contar para onde, pois preciso ver como os voos estao, mas dou uma dica: Europa.
E so por um dia. Vou passar (se tudo der certo) exatamente 24 horas la. Coisa de doido, eu sei. Mas vcs tambem nao fariam a mesma coisa?

Inte!

5 de setembro de 2008

DE CARA NO CHÃO

Vai trabalhar feliz porque está pagando pela última troca de folga.
E sabe que a vida vai voltar ao normal.
Nem se incomoda em ter de começar o expediente às 8h00 da manhã.
Já está cheia de planos para a hora que for embora.
Sai do serviço toda feliz.
Vai passar em três lojas.
Quer acabar de vez com as pombas que insistem em morar na varanda.
Para isso precisa comprar algumas coisas.
O dia está lindo. O céu azul.

Está quase chegando na primeira loja quando torce o pé do nada e começa a cair.
Aquele momento dura uma eternidade e acha que vai conseguir escapar do tombo.

Contra tudo aquilo que imaginava e esperava, vai de frente ao chão e depois de costas.
Estava de joelheiras? Não, de shorts.
Rala toda a perna e o joelho fica em carne viva.
Espera que alguém venha ajudar.
O mundo continua a rodar como se nada tivesse acontecido e ninguém aparece.
Limpa um pouco o estrago e sai andando, sangrando.
Entra no banheiro da próxima lanchonete e espera o sangue estancar.
Teimosa, vai a todas as lojas que estavam nos planos.
"Ninguém vai tirar isso de mim!", diz a si mesma.
Compra algumas coisas.
Anda cheia de sacolas.
Espera o ônibus.
Entra mancando.
Está a quilometros de casa.
A mulher do banco da frente olha insistentemente para o joelho.
Oferece um lenço de papel. "Está sangrando, moça".
Tampa tudo com o lenço da simpática mulher.
Pára na farmácia. Compra curativos.
Pergunta à balconista: "Eles arrumam isso?"
Pega o metrô. Depois outro metrô.
Anda três quarteirões, até chegar em casa.
Toma um banho e tudo arde.
Passa tudo o que pode na esperança de que cicatrize em quatro minutos.
Vê que milagres não existem e vai dormir.
Sim, esse foi meu 28 de agosto.

Inté!