10 de julho de 2008

QUANDO A PORTA FICA ATRÁS

Resolvi dar uma pausa nas atualizações e escrever sobre outra coisa hoje.

O comentário que a Cris me deixou no outro post me chamou atenção a algo sobre o qual nunca havia escrito antes: sair de casa.

Quando criança a gente sempre tem padrões comuns de como o futuro vai ser. Para mim, o ano 2000 era uma coisa tão distante! “Nossa! Terei 24 anos!”. Seguindo exemplos de dentro de casa eu achava que já estaria casada e com filhos.

O destino reservou algo bem diferente. Naquele ano eu estava fazendo uma das melhores viagens que já tive. E, lá no Cairo, me lembrei dos “planos iniciais”.
A vida é engraçada. Quase imprevisível.

Minha idéia de sair de casa era a mais óbvia possível: casando. Não é de se espantar, tendo em vista que cresci em uma família com uma média de 3 casamentos por ano.
Me via sempre como aquela personagem do filme de Steve Martin: “O pai da noiva”. Nunca me esqueço da sua última noite em casa. Cheia de ansiedade, ela nem consegue dormir. E lá estava eu também, imaginando a cara do noivo e as longas conversas que eu teria com meus pais na noite anterior ao casamento. Imaginava como seria a última noite no meu quarto. E pensava na transição entre a, então, “minha casa” e a “casa dos meus pais”.

Mais uma vez o livro da vida reservava páginas bem interessantes.

Sim, também não dormi na última noite na minha casa. Conversei muito com meus pais e, nos meses anteriores, procurei fazer o máximo de coisas junto deles. Tinha que aproveitar.
Chorei muito e pensei em como seria o dia seguinte. Como seria deixar para trás tudo aquilo. Dar-se conta de que a infância e a adolescência realmente acabaram. Tantos anos! Como seria encarar uma fase nova...

Não subi ao altar, mas fechei minhas malas e segui para o aeroporto.
Talvez tenha sido até mais difícil, já que além da distância emocional, também teria a - enorme – distância geográfica.
Saí como se tivesse sido arrancada do conforto e segurança que me abrigaram por tanto tempo.
Dividida entre a tristeza e a alegria, se é que isso é possível.

Hoje, quase um ano depois, vejo a coisa de outra forma. Sim, foi o fim de uma fase. Sim, foi extremamente penoso. Mas sinto que apenas extendi o “meu território”. O conforto e a segurança não estão em tijolos, mas naqueles que os habitam. Ir ao Brasil algumas vezes e receber meus pais aqui no Canadá me fizeram ver que os laços estão cada vez maiores e que superam qualquer distância. Se eu soubesse disso antes, teria saído de casa apenas com a alegria de poder crescer e amadurecer. Talvez no lugar da tristeza haveria apenas um pouco de insegurança. Ou melhor, ansiedade. Apenas ansiedade. E seguiria meu caminho.

A gente traça um caminho ou apenas o segue? Ainda não sei. Talvez nunca venha a saber. Mas de uma coisa estou certa. Está nas nossas mãos a forma como vamos caminhar.

Inté!

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Puxa Ro, mais uma vez vc traduziu em palavras sentimentos tão reais q chegam a ser estranhos !
Tb estou passando por uma fase complicada e o q vc disse neste post, deixa muitas coisas claras pra mim !
Obrigada amiga por mesmo a distancia, mesmo sem saber o q se passa comigo dizer exatamente o q eu preciso "ouvir" !
Te amo e parabéns, vc estava linda no casamento !
Bjs

14 julho, 2008 10:30  
Blogger Cristina Gaeta said...

Me sinto extremamente lisongeada em saber que fui pelo menos um poudo de inspiração para esse texto tão bonito.. realmente estou numa fase de transição, que na verdade ainda nem começou, mto grande, as vezes me pego numa felicidade imensa, e em outras vezes triste, quero e não quero sair de casa, tudo é mto confuso.. mas como vc mesma disse, amadurece.. e vamos que vamos! Seja oque Deus quiser.. como diz meu amigo..."Deixa a vida me levar.."... rs
Um bjão!

15 julho, 2008 13:36  

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